segunda-feira, 12 de abril de 2010

3.1 PROFISSIONAL E O AVANÇO TECNOLÓGICO

No Brasil, inicialmente o profissional contábil era conhecido como guarda-livros e estava vinculado a legislação comercial, pois era considerado um agente auxiliar do comércio. Não existia diplomação para a profissão, o conhecimento era adquirido através da experiência do oficio, as primeiras escolas de contabilidade vieram a surgir só em 1902. A contabilidade como profissão foi regulamentada em 27 de maio de 1946 com a assinatura do Decreto-lei 9.295.
A contabilidade sempre acompanhou o desenvolvimento econômico. Até a década de 60 no Brasil o profissional estava ainda fortemente vinculado à expressão guarda-livros, foi então no grande avanço da economia na década de 70 que esta expressão desapareceu e a profissão começou a ser valorizada no mercado de trabalho. Apesar desta mudança em relação à visão do profissional contábil, ainda encontra-se empresas que se utilizam da contabilidade e do contador apenas por imposição legal e não pela relevância que esta profissão tem na gestão das organizações. Isto deverá mudar, pois nos dias atuais em que a economia exige dados precisos e atualizados para auxiliar as tomadas de decisões, num mundo exigente de competência e competição, uma boa contabilidade é imprescindível.
Em virtude das transformações em que o mundo vem passando, nas áreas de tecnologia, social, econômica, a execução das tarefas contábeis necessitavam ser melhor operacionalizadas e por este motivo o profissional precisava estar acompanhando o desenvolvimento das novas ferramentas tecnológicas.
A informatização das atividades contábeis ocasionou grandes mudanças na atuação do profissional, que antigamente despendia logo tempo para a execução de tarefas manuais, se sujeitando a maior probabilidade de erros e hoje graça a utilização dos softwares o contador deve atuar como um analista de contabilidade e não mais como “guarda-livros”. Para que esta atuação se perpetue o profissional precisa acompanhar as inovações tecnológicas incluindo-as em sua rotina desde os processos básicos até os mais complexos e avançados.
Segundo Meira Neto:
O profissional contábil está passando por um momento em que exige muita reflexão, pois com o avanço da tecnologia da informação aliada ao grande desenvolvimento das telecomunicações, muita coisa está mudando dentro das organizações, que lançam mão cada vez mais da tecnologia para auxiliar seus gestores nas tomadas de decisões e na elaboração de planos estratégicos. Meira Neto, Abdon (2003, p.12).
O mundo globalizado atingiu diretamente o profissional da contabilidade, fazendo com que o mesmo deixe de lado as preocupações básicas de manter a escrituração fiscal, calcular tributos, preencher guias, despachar processos para repartições publicas, elaborar e controlar os dados contábeis e passe a exercer um papel de grande valia na geração de informações que são de muita importância tanto para a entidade quanto para a sociedade.
Faria e Brito comentam que:
Foi alterado o envolvimento do profissional de Contabilidade, de forma que este passou a engajar-se cada vez mais no processo de gestão das organizações, agregando, desse modo, mais valor às mesmas, além de melhorar sua imagem perante a sociedade.
Faria e Brito (2001, p. 6)
Outra consideração feita pelos autores citados acima, é que o envolvimento do profissional passou a abranger tarefas no âmbito estratégico, melhorando a troca de informações com os gestores operacionais resultando na melhoria da utilização das informações econômico-financeiros, passando a utilizar softwares integrados de gestão para a melhora da qualidade e agilidade na tomada de decisão. Além do conhecimento para atuar em suas e outras funções o novo contador necessita de atitudes que compreendam agilidade, dinamismo, tempestividade e bom relacionamento interpessoal para facilitar a interação com profissionais de diversas áreas.
A evolução da profissão contábil até os dias de hoje, evidenciou que o contador deve seguir a mesma direção das mudanças globais, mantendo-se seus conhecimentos e habilidades atualizados, aplicando nas oportunidades que existirem técnicas mais recentes.
É necessário não deixar de observar que as mudanças resultantes do avanço tecnológico exigem uma permanente atualização dos profissionais engajados ao gerenciamento empresarial e em especial dos profissionais contábeis, onde sua competência necessita muito mais qualificação, do que simplesmente o mero conhecimento e aplicação das técnicas básicas de registro e o atendimento às regulamentações legais e tributárias.
Segundo Gil:
Nossa sociedade mundial, cada vez mais depende da tecnologia, necessita da qualidade do trabalho do ser humano, considerado por seu talento intelectual, para a continuidade da caminhada com foco na melhoria dos negócios. É importante observar que estas mudanças trazidas pelo avanço tecnológico imprimem uma constante necessidade de atualização dos profissionais ligados a gestão das empresas, e muito especialmente os profissionais contábeis. Gil (2000, p. 13)
Para sobreviver á concorrência do mercado de prestação de serviços contábeis, o profissional que deseja ter alta empregabilidade e ser competitivo, necessita estar sintonizado com o avanço tecnológico, para poder analisar e utilizar as ferramentas adequadas para oferecer serviços com maior qualidade, agilidade e confiabilidade. Os contadores precisam atualizar suas formas de trabalho através da educação, com desejo de alcançar novos saberes para melhor desempenho de suas habilidades e atitudes.
O ramo contábil tem uma grande amplitude no que se refere a suas áreas de atuação. A demanda de tarefas pode ser originada de inúmeras fontes, em relação a legislação tributária, o governo, em relação a empréstimos e financiamento, as instituições financeiras, em relação a relatórios, demonstração financeira e outros , sócios, acionistas, administradores e diretores. Todas estas demandas de tarefas necessitam da atenção do profissional para com as técnicas contábeis exigidas.
As inovações tecnológicas, o crescimento ilimitado de informações paralelas à globalização, satisfez uma necessidade da área contábil que existia há muito tempo, inerente a reavaliação dos padrões e normas contábeis e do posicionamento tradicional dos profissionais, com a finalidade de torná-las homogêneas, com a intenção que as informações contábeis de uma organização fossem entendidas e compreendidas em todo mundo. Promover estas alterações foi uma tarefa difícil, mas de grande satisfação para os profissionais. Surge então um novo perfil do contador, um profissional mais flexível, engajado nos estudos, estando em constante reciclagem, pronto para conhecer detalhadamente, não só a contabilidade nacional, mas também a internacional e que utilizem uma linguagem universal.
Em resposta as exigências posta pela tecnologia houve mudanças no perfil do profissional. Colaborando para este entendimento, vejamos o que diz Barbosa:
O profissional contábil, como um elemento que integra a organização, também está inserido nesse contexto, e vem sofrendo uma forte pressão diante das mudanças, pois a sua função está sendo reformulada a cada passo desse processo de transformação. Esse profissional deve buscar alternativas para agregar valor não só a empresa com o seu trabalho, utilizando a Tecnologia da Informação como uma aliada na aquisição e desenvolvimento de competências (Barbosa, 2000, p.2).
Hoje em dia não é mais admissível um profissional da área contábil ter somente conhecimento específico em contabilidade, é necessário também que ele tenha domínio e conhecimento em outras áreas como administração, informática, economia, direito, etc, obrigando que os mesmos se posicionem com maior autoridade e que segreguem responsabilidades de gestão.
Frente aos avanços tecnológicos que crescem constantemente, o profissional contábil precisa deixar de lado seu posicionamento passivo e antigos hábitos adotando uma postura mais pro – ativa, desenvolvendo uma relação amigável para com as novas ferramentas tecnológicas que irão contribuir para sua própria qualificação. Com as grades mudanças que vem ocorrendo de forma acelerada no mercado, a tendência dos profissionais é desenvolver novos talentos que correspondam às exigências da nova economia que está dominando o mundo, um dos principais requisitos é o interesse pela aprendizagem contínua e ágil.
Para sobreviver no mercado e alcançar uma carreira de sucesso o perfil do contador do futuro deverá abranger as seguintes competências: conhecimento técnico aprofundado, conhecimento tecnológico, criatividade, pro - atividade, integridade inquestionável, visão de riscos, boa comunicação, entendimento sobre a sistemática econômico-financeira em nível local, nacional e internacional, iniciativa, coragem, ética, agilidade, dinamismo, habilidade de negociação, capacidade de aprender e enfrentar mudanças, flexibilidade e visão panorâmica sobre as realidades políticas, sociais e financeiras. Tudo isto, para que possam estar aptos a prestar orientações estratégicas às empresas e fazer com que estas sobrevivam aos impactos da globalização, utilizando a tecnologia como ferramenta fundamental de apoio. Além de todas estas competências o novo perfil do profissional deverá prever acontecimentos futuros com base nos fatos atuais, não se prendendo á problemas passados, mas sim, propondo soluções futuras.
Atualmente, existe uma grande abordagem a respeito da informatização de processos e ações, do surgimento das novas ferramentas tecnológicas e da expansão de novos mercados. Estas abordagens estendem-se a área contábil que vem modificando suas praticas e normas para acompanhar toda esta evolução.
Hoje vivemos á era do conhecimento, onde a detenção e manipulação do mesmo são fundamentais para as importantes decisões. No mercado atual o contador necessita dominar práticas e estratégias globais de negócio. Estes são alguns dos motivos que impulsionam as transformações que atingiram a área contábil. A contabilidade vive então uma nova era, mais atual, dinâmica e inovadora, propiciando oportunidade para que com base nas informações o profissional preste orientação de grande valor á administração, valorizando sua atuação. O papel do contador sofreu uma redefinição com a tecnologia de informação, agregando as suas responsabilidades a gestão da informação, que necessitará análise, tratamento e difusão por parte deste profissional. O importante não é a quantidade das informações, mas sim a qualidade destas.
Os softwares direcionados a área contábil, executam as operações básicas, armazenam as informações, preparam as demonstrações contábeis, e geram análises estatísticas, deixando para o contador a função de interpretar e explicar as demonstrações patrimoniais, intelectualizando o conhecimento contábil.
É uma idéia errônea pensar que com o avanço da tecnologia, o profissional contábil está perdendo seu espaço na sociedade. Estão desaparecendo da sociedade sim, os profissionais que apenas utilizam das técnicas contábeis ”debitar e creditar”, ignorando todo o lado científico que possui a contabilidade. Este moderno perfil do contador traz um profissional que necessita de acúmulo de conhecimentos, que tem grande importância nas empresas, pois este está integrado nas informações que dão apoio as tomadas de decisões, este profissional que está sempre inovado terá o mercado de trabalho garantido.
A ciência contábil foi uma das áreas que mais sofreu com as mudanças do avanço tecnológico. O profissional contábil teve que se adaptar a todas as alterações que ocorreram nas organizações e também às mudanças que aconteceram nas atividades contábeis. É preciso que o profissional tenha consciência que toda esta transformação dos processos decorridos do avanço tecnológico, trouxe alterações dinâmicas e contínuas para o contador, este agora passa a ter responsabilidade sobre o gerenciamento das informações. É necessária a atualização dos seus conhecimentos para que possa acompanhar toda a evolução dos procedimentos que envolvam as atividades da contabilidade. Todas estas mudanças possibilitaram que o profissional contábil trabalhasse em conjunto e com maior participação dos usuários e de profissionais de áreas distintas, engajados no processo de informação, em decorrência dos sistemas de comunicação que hoje existem.
Para esta nova era, é necessário que o profissional contábil tenha novas competências e habilidades, é preciso uma maior formação humanística, sempre conectada as constantes mudanças que estão ocorrendo em uma velocidade muito grande através dos avanços tecnológicos.
Franco, ao abordar sobre a Profissão Contábil e as expectativas da sociedade afirma:
As expectativas da sociedade crescem continuamente, uma vez que ela vê a profissão contábil como capaz de enfrentar os desafios do futuro e de cumprir suas responsabilidades. A profissão tem, portanto, de avaliar e reconhecer até onde ela pode atender às expectativas da sociedade, sempre crescentes, adaptando-se às novas situações , seu crescimento será assegurado.
Isso exigirá constante comparação entre as expectativas da sociedade e a capacitação dos membros da profissão para atender a essas expectativas. Ela terá, portanto, de atualizar constantemente seus conhecimentos para justificar sua afirmação de que pode atender às necessidades da sociedade. (Franco 1999,p.86)
Os softwares não irão substituir a capacidade intelectual dos profissionais, pois os sistemas de processamento de dados acumulam dados desagregados que devem receber tratamento, seleção e distribuição canalizada das informações para que haja uma otimização considerável no tempo, apresentando um desempenho muito melhor e claro para direcionar as tomada de decisões.
Para a busca de uma nova diretriz o contador precisa inovar suas competências e segundo Schwez devem:
Aprender: novas linguagens, novas tecnologias, novas habilidades, ampliar repertórios, ver por novas dimensões, raciocinar por novos caminhos, desenvolver alternativas, tomar iniciativas, perceber com mais abertura, buscar novos recursos, inovar procedimentos, qualificar-se mais rápido, aprender a questionar. E não se contentar com o já aprendido, por mais novo que seja. O aprendizado permanente é a chave para a sobrevivência; Desaprender: desaprender a colocar para fora os bloqueios que, muitas vezes, estão dentro de cada um. Paradigmas como: ‘sempre foi assim’ se comportasse, se fosse assim, se não mudasse tão depressa e outros, ‘se a conjuntura permitisse’, ‘se pudesse correr risco’, ‘se tivesse tempo’, se o mercado; Reaprender: a usar a imaginação, a ser mais flexível, mais questionador, a ser mais sensível, a romper limites, a resgatar sua coragem jovem, a viajar com suas fantasias, a acreditar nos seus sonhos. Reaprender a liberdade e principalmente a audácia. (Schwez 2000,p.12)
Com base em toda a abordagem efetuada, a idéia de Schwez nos demonstra de maneira clara e objetiva quais serão os desafios da profissão contábil para o novo milênio:
Primeiro é mudar a imagem. O profissional contábil deve ser, e passar a imagem de uma pessoa dinâmica, bem informada, deter as informações, saber utilizá-las e saber retransmiti-las. O segundo é abandonar a idéia da Contabilidade tradicional, tal tarefa continuará sendo feita, pelo menos a curto prazo, diante das exigências fiscais e legais, mas o profissional da Contabilidade do novo milênio irá apenas supervisionar o trabalho, esclarecendo dúvidas, solucionando problemas e desenvolver o aspecto estrategista. O terceiro é deter a informação de tudo que ocorre na empresa, tratar esses dados de forma que sejam úteis aos gestores do negócio. Conquistar um canal aberto de comunicação com os usuários, pois é de vital importância que as mesmas estejam adequadas as suas necessidades, sob pena da perda de utilidade das mesmas, bem como do executor. Finalmente, deve tornar-se imprescindível nas empresas, ou seja, de tal forma se impor que torne a pessoa à qual sempre se consulta antes da implantação de um novo projeto, bem como, durante e pós implantação.
Schwez (2000)
Por ocorrência de todas estas novas exigências relativas ao novo perfil do profissional da área contábil, o profissional que desejar um bom posicionamento dentro do mercado de trabalho e obter sucesso em sua carreira, deverá estar disposto a estudar e buscar uma formação de boa qualidade.

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